Gostaria de compartilhar um pouco com vocês da experiência e emoções que senti.
Na 4ª feira comecei a sentir alguns sintomas de gripe, o que me deixou com bastante medo, afinal, éramos uma dupla, e eu não podia falhar. Tentei me alimentar bem durante a semana, repousar (não treinei entre 4ª e 6ª) e dormir bem. Também tomei bastante vitamina C.
Na 6ª à noite aconteceu o congresso técnico da prova e eu ainda me sentia fraco devido à gripe. Depois do congresso fomos para a casa do pai do Valmor, nosso QG, onde arrumamos todas as coisas: caiaque, bike, adesivos (que a Thaís fez para a gente), alimentação, hidratação e outras coisas. É engraçado ver como cada um tem suas manias...
A Mariana, minha treinadora, me incentivou durante a semana: “vai tranqüilo para a prova, estás preparado!”. Confesso que eu ainda duvidava um pouco de mim, mas as palavras dela realmente me incentivaram.
No sábado acordei às 4h50min da manhã, me sentia um pouco melhor. Tomei um café e fui para nosso QG. Lá estavam o Valmor e o pessoal do apoio (Marco e Ari). Arrumamos os últimos detalhes e partimos para a largada.
Fomos em uma camionete D-20, que o CEVAHUMOS gentilmente disponibilizou para a gente. Fomos os 4 no mesmo banco (é um banco único e não é cabine dupla) e eu estava quase dormindo. Quando o Valmor diminuía a velocidade, a camionete fazia um barulho como se estivesse acelerando. Então o Valmor disse:
- Essa camionete está acelerada! Que coisa estranha, isso nunca aconteceu antes...
Então ele olhou por baixo do volante e disse rindo:
- Henrique, tira o pé do acelerador!
Nós espremidos ali e eu quase dormindo, nem percebi que estava atrapalhando o motorista!
Chegamos à praia da Armação, onde foi a largada. O Valmor foi quem fez o primeiro trecho (corrida, 10,5 km). Aquele monte de gente, o sinal da largada, o pessoal partindo. Talvez muitos não sintam isso, mas é uma coisa que me arrepia.
Fomos para a primeira transição e logo o Valmor chegou! Ele sempre falou “vamos participar para brincar”, mas estou certo que deu tudo de si, tanto é que foi o 5º atleta a chegar.
Parti para o trecho de ciclismo (28 km), no Sertão do Ribeirão, onde existe um desnível absurdo, com muito cascalho no chão. Lembro de todo mundo subindo empurrando a bike (andando), inclusive eu... Na descida tirei a mão do freio e tentei ganhar tempo, passando por buracos, pedras, etc. O suporte da minha garrafinha quebrou e fiquei sem hidratação.
Cheguei à segunda transição 15 minutos antes do que previa. E dali eu partiria para um trecho de corrida. Lembro do Valmor falando “joga a bike no chão! Joga a bike no chão!”. Ele não queria que eu perdesse tempo colocando a bike delicadamente no chão...
Parti para o trecho de corrida de 8,5km em dunas e banhados. Em alguns lugares a água no banhado chegava à altura da cintura. Ao final do trecho, subi as dunas me arrastando, e lá em cima uma staff me perguntou “estás vivo?”. Eu respondi “por enquanto...”.
Ao chegar à Avenida das Rendeiras tentei correr forte para ganhar tempo. Dali partiu o Valmor para o trecho de caiaque de 13 km. O vento sul estava forte e o ajudou um pouco na ida. Por outro lado, fazia várias marolas e o prejudicou MUITO depois da bóia de retorno. É importante falar que utilizamos um caiaque intermediário, e tivemos que remar mais que os caiaques de recreação (8 km) e o mesmo que os caiaques de alta performance.
Após este trecho, o Valmor fez um trecho de mountain bike (14km), em trilhas. Chegou na transição meio desnorteado, falando que havia caído 4 vezes devido às raízes de árvores e buracos da trilha. Dali ele partiria para o trecho de corrida em trilhas (7 km), com um desnível absurdo, ligando o Rio Vermelho a Ratones.
Chegando a Ratones era a minha vez de remar (9,5 km), dessa vez no Rio Ratones. A maré estava subindo, ou seja, a correnteza estava contra, o que era cada vez mais nítido na medida em que me aproximava da foz do rio. Chegando à ponte sobre a Rodovia SC-401, o rio é “estrangulado”. Para quem se lembra da fórmula: vazão = área x velocidade. Ou seja, se a área diminui bastante, a velocidade (do rio) aumenta bastante. E eu remando contra!
Lá em cima da ponte estavam meus parceiros do CEVAHUMOS que me orientavam: “rema para a direita!”. Segui os conselhos sem entender bem o porquê, mas logo percebi. Neste canto havia um “abrigo”, onde a correnteza era fraca. Ao chegar neste local eles me disseram “agora embala e vai!”. Remei com toda a minha força, tentando alongar a remada. Cheguei embaixo da ponte e lá tinha um cara se matando de remar, sem o barco sair do lugar. Eis que o cara fala quase chorando “droga! Não vai dar!”. Pára de remar e lá se vai o caiaque para trás. Com muito esforço consegui passar rápido, me aproximando da foz do rio. Senti algumas câimbras no pé.
Cheguei à praia da Daniela (última transição) e lá estava o Valmor me esperando. Entreguei o caiaque para ele, calcei o tênis sem as meias mesmo (para ganhar tempo) e parti para o último trecho: corrida de 4km em ruas e trilhas até a Praia de Jurerê Internacional.
Sentia-me muito bem na corrida e acredito que consegui imprimir um bom ritmo Dessa vez as câimbras eram nos braços!
Quando cheguei ao topo da trilha, já podia ouvir as músicas que tocavam na chegada, sabia que estava muito perto do fim. Saí da trilha e entrei na praia, já avistava o pórtico de chegada, faltavam alguns poucos metros para chegar. Motivado, acelerei e encontrei o Valmor no pórtico da chegada, demos as mãos e passamos a linha de chegada juntos! Havíamos terminado os 95 km da prova!
Gostaria de agradecer ao CEVAHUMOS por nos apoiar em tudo que precisamos, inclusive fornecendo muito mais coisas do que imaginávamos a princípio. O apoio foi fantástico e essencial para vencermos este desafio.
Também gostaria de agradecer ao meu grande parceiro Valmor. Foi fundamental termos o mesmo espírito de diversão desde o início, e ele foi um grande guerreiro, pois não era acostumado em pedalar e deu um show! Assim como deu um show na corrida e no caiaque!
Muito obrigado e parabéns aos meus amigos da Academia Cia. do Corpo, que ficaram em 5º lugar em sua categoria no Multisport! Deram um show! Parabéns e obrigado também ao meu amigo Gian Marcaccini, que treinou com a gente e completou o Multisport na categoria individual com um tempo absurdo. É um CAVALO!
Agradeço também ao pessoal da NEW PACE Assessoria Esportiva pelo incentivo, em especial a minha treinadora Mariana Borges. Ela me fez correr o Ironman 70.3, me fez correr no asfalto abaixo de 4min/km e me fez completar o Multisport. Eu não sabia que eu era capaz, mas ela sabia e me preparou para isso.
E por último um agradecimento especial à Thaís, que me entende e me apóia, apesar de ficar triste com minha ausência devido aos treinos. Tu não imaginas como és importante prá mim e como me fazes feliz! Te amo!
Um grande abraço a todos!
4 comentários:
Te amo! Sou sua fã número 1!
Te amo mais! E eu que sou teu fã número 1!
Aeee..ganhei até um belo adjetivo hauahua
Valeu meu grande amigo Paulo..parabéns pelo sucesso em mais um desafio!! E muita saude para que consigamos concluir vários outros =D
Abraçoo
Valeu, Gian! Vulgo CAVALO PURO SANGUE MANGA LARGA!
O próximo é o Mountain Do! Estamos juntos!
Grande abraço!
Postar um comentário