26 de mai. de 2011

Esporte e Poesia



Estes dias estava pensando no quanto o esporte me deixou “burro”.

Antes de fazer esporte com regularidade, ou seja, seguir uma planilha semanal, onde treino todos os dias e de 2 a 5h por dia, eu tinha mais tempo para me dedicar a atividades “intelectuais”. Antes eu sempre estava lendo um livro, assistia a filmes, estudava mais, etc.

É difícil a gente continuar com a mesma dedicação a essas atividades quando passa a se dedicar mais às atividades físicas. Além de ter menos tempo, no pouco tempo disponível restante estamos muito cansados. Acordo cedo sábado e domingo para treinar, e à tarde tudo o que eu quero (e preciso) é dormir.

Além disso, tenho uma série de outras coisas para fazer, sou marido e sou pai (da Mafalda por enquanto). Tem ainda todas as atividades domésticas que eu também ajudo (lavar louça, lavar roupa, fazer almoço, fazer compras, etc.).

Mas o fato é que estou lendo muito menos. Há séculos não leio um livro.

Antes que vocês pensem isso, não estou  reclamando. Pelo contrário. Adoro o estilo de vida que tenho e não penso em  mudar. Infelizmente temos que abrir mão de algumas coisas por outras. Mas estou feliz assim!

Então eu refletia, pensando que estou mais “burro”. Aí me deparei com uma série de depoimentos de triatletas que vão fazer o Iroman Brasil no dia 29 de maio, em Florianópolis.

Incrível como todos os depoimentos tem coisas em comum. Primeiro a satisfação de todos com o esporte,  depois a alegria de estar às vésperas de se tornar, pela primeira vez ou novamente, um homem/mulher de ferro.

Outra coisa que me chamou a atenção nos depoimentos foi a visão poética que todos tem. Ao mesmo tempo em que escrevem sobre suas expectativas, falam de tudo com  muita admiração pelo esporte e pela conquista que se aproxima. São depoimentos em forma de poesia.

Ao ler tais relatos, enxerguei-me ali também. Não por estar às vésperas de me tornar um Ironman. Na verdade estou muito longe disso. Como costumo dizer, preciso comer muito arroz e feijão para sonhar com isso. Mas me enxerguei ali por causa da mesma visão poética que tenho sobre isso. Nadar, pedalar e correr: tudo isso faz correr alguma coisa nas veias, alguma coisa que vicia e me faz muito bem.

Então parei para refletir novamente. Se tudo isso nos torna mais poéticos, entendo que nos torna também mais sensíveis, e, portanto,  não é possível que estejamos mais “burros”. A atividade física faz um bem danado para a mente, fazendo com que tenhamos outra visão do mundo e das relações.

Para completar, gostaria de compartilhar com vocês um depoimento que li estes dias no site www.mundotri.com.br. O Mundotri está a alguns meses fazendo um diário de alguns atletas que farão o Ironman Brasil. No texto que a triatleta Carolina Militão escreveu, citando o triatleta Breno Leal Lima, uma prova do que comentei com vocês.

Um grande abraço. Henrique.


 “Eu, um Ironman.
Ainda vou dormir mais cedo,
Por enquanto, tenho que acordar antes do mundo.
De todo o mundo!
Enchi as garrafas ontem, chequei as câmaras, separei o par de tênis.
Tenho família, casa, trabalho e estou cansado…
Ao mesmo tempo, tudo torna-se a minha fortaleza.
Vou, antes do sol anunciar o sábado.
Sozinho.
Corro já sem energia. Outra coisa me leva até o fim.
Volto, com as pernas recolhidas e a sensação de que tenho mais vida.
E uma euforia contagiante!
Briguei-me ontem, “não farei mais!”
Parabenizei-me hoje, “faço isso com o maior prazer”.
Respeito o que vem amanhã e espero…
…ah, eu espero, sim. Um dia, todo ele.
Espero o dia de todos estes últimos dias.
O dia em que vou repetir até o fim dos meus:
Eu, um Ironman.”

Por: Breno Leal Lima (Triatleta e Professor da Zonaalvo Assessoria em Fortaleza)
Detalhe: Ele fez isso em inspiração ao treino de sábado, no qual ele estava nos dando suporte.

Carolina Militão.

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