
Viagem marcada, passagens compradas e hotel reservado. Pronto. Começou o martírio. Como permanecer naquele cilindro metálico a mais de 10.000 metros de altura?
Quando criança, viajava diversas vezes de avião em função do trabalho do meu pai. Toda vez que íamos viajar era aquela festa. Adorava os lanchinhos, os refrigerantes, a roupa bonita das comissárias de bordo e as visitas à cabine do piloto. Os tempos da aviação eram outros. Nada de bolachinha hot cracker.
Enfim, o tempo passou, eu cresci e fiquei besta.
Não sei qual sensação é a pior. Na hora da decolagem eu deixo de acreditar em qualquer lei da física e não boto fé que todas aquelas toneladas conseguem levantar vôo. Eu sempre acho que eu, de alguma forma, tenho que ajudar o bendito a decolar me colocando em alguma posição mais aerodinâmica ou coisa parecida.
Avião lá em cima. Não apertam os parafusos direito? Por que precisa fazer tanto barulho? Qualquer oscilação é um sinal de alerta. Só consigo alguns instantes de calma quando olho para o rosto de algum comissário ou escuto a voz do piloto e percebo sinais tranquilidade. Já avisei para o Henrique que se um dia enfrentarmos turbulência o negócio vai ficar feio. Mico na certa!!! Aliás, é ótimo olhar para o Henrique com aquela cara de tranquilidade... como é que pode? Parece que só eu ali dentro tenho a noção de que estamos longe demais do solo e sem ninguém para nos defender.
Eu acredito e confio no meu Deus mas confesso que não gosto de chegar tão perto assim da casa dele.
Por último a aterrissagem. O piloto vai acertar a pista? Vai conseguir frear? Não vai encontrar nenhum obstáculo pela frente? Pode parecer ridículo mas na hora todas essas dúvidas parecem bem racionais. Pelo menos na aterrissagem tudo se mistura com uma sensação de alívio. Perto do chão tudo parece mais fácil. Depois do impacto nada delicado e da freiada brusca eu volto a respirar aliviada prometendo a mim mesma que eu nunca mais entro naquilo.
Pensamento que não demora muito a ir embora... eu sempre topo encarar de novo. Dessa vez estou estudando a possibilidade de tomar um remedinho. Alguma sugestão?
4 comentários:
Hahahaha! Muito bom!!!
Cãlmã, vãi ser trãnquilõ...
Beijos!!!
rsss
Fala com o Val!
Beijocas
Tuas percepções durante o voo, as compartilho uma por uma. Expressão facial dos comissários, voz do piloto - esse é um detalhe importantíssimo - serena. Mas o melhor de tudo é observar, ainda na subida, que as luzes de atar os cintos se apagaram. Isso significa que mesmo sem estar em altura de cruzeiro, já se vislumbra ceu limpo, sem áreas próximas - é vivemos cada minuto mesmo - de instabilidades. Isso tudo fica melhor ainda com um aliviante químico. Daí pode até rolar relâmpago que fica tudo sussa!... é isso, fala comigo! Rsss
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