1 de nov. de 2013

A coleção da minha irmã



Desde criança, minha irmã guarda em seu quarto, bem escondida, uma caixinha.

Por várias vezes a vi mexendo naquela caixa. Às vezes parecia estar guardando alguma coisa. Outras vezes a vi retirando algo de lá. Volta e meia estava a mexer naquela caixa misteriosa, vasculhando-a e sorrindo.

Um dia resolvi perguntar:

- Minha irmã, o que guardas nessa caixinha com tanto cuidado?

Ela a abriu e começou a me mostrar. Em um varalzinho, foi pendurando letras e palavras, que juntas tinham formato de poesias.

- Aqui dentro guardo os meus sonhos.

Eram muitos e muitos sonhos. Tão bonitos, alguns eram vermelhos, outros coloridos. Alguns eram grandes, outros pequenos.

Alguns tão puros eram guardados desde a sua infância. Mas não estavam amarelados. Pelo contrário, com muito carinho ela os preservava com todo o cuidado.

- Mas como podem caber tantos sonhos nesta caixinha tão pequenina, minha irmã?

- Dentro desta caixinha cabem quantos sonhos a gente quiser. E também do tamanho que a gente quiser.

Dia a dia, guardo novos sonhos aqui dentro.

Alguns tão importantes, embora às vezes esquecidos, continuam bem guardados. De vez em quando, vasculhando a caixinha, lembro-me deles ao encontrá-los lá no fundo.

E volta e meia retiro uns aqui de dentro. Alguns eu jogo fora, aqueles que não me encantam mais.

Outros não mais sonhos são chamados, por tê-los realizado. O meu sonho mais bonito, por exemplo, está brincando no jardim.

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