Desde criança, minha irmã guarda em seu quarto, bem
escondida, uma caixinha.
Por várias vezes a vi mexendo naquela caixa. Às
vezes parecia estar guardando alguma coisa. Outras vezes a vi retirando algo de
lá. Volta e meia estava a mexer naquela caixa misteriosa, vasculhando-a e
sorrindo.
Um dia resolvi perguntar:
- Minha irmã, o que guardas
nessa caixinha com tanto cuidado?
Ela a abriu e começou a me mostrar. Em um
varalzinho, foi pendurando letras e palavras, que juntas tinham formato de
poesias.
- Aqui dentro guardo os meus
sonhos.
Eram muitos e muitos sonhos. Tão bonitos, alguns
eram vermelhos, outros coloridos. Alguns eram grandes, outros pequenos.
Alguns tão puros eram guardados desde a sua
infância. Mas não estavam amarelados. Pelo contrário, com muito carinho ela os
preservava com todo o cuidado.
- Mas como podem caber tantos
sonhos nesta caixinha tão pequenina, minha irmã?
-
Dentro desta caixinha cabem quantos sonhos a gente quiser. E também do tamanho
que a gente quiser.
Dia a dia, guardo novos sonhos
aqui dentro.
Alguns
tão importantes, embora às vezes esquecidos, continuam bem guardados. De vez em
quando, vasculhando a caixinha, lembro-me deles ao encontrá-los lá no fundo.
E
volta e meia retiro uns aqui de dentro. Alguns eu jogo fora, aqueles que não me
encantam mais.
Outros
não mais sonhos são chamados, por tê-los realizado. O meu sonho mais bonito,
por exemplo, está brincando no jardim.
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